Suíço e brasileira se casam em cima de trio no Carnaval de Salvador
Casamentos Reais 27 fev - 2020

(Fotos: Hilza Cordeiro/Jornal CORREIO)
A segunda-feira de Carnaval (24/02/2020) da brasileira Érika Silva e do suíço Marcel Brust vai ficar pra história. Juntos há quase quatro anos, eles convenceram uma juíza de paz a realizar a festa de casamento deles em cima de um trio. O casamento aconteceu por volta das 16h30, na concentração do bloco Me Abraça – posicionado no circuito Dodô (Barra-Ondina), na curva do Hospital Espanhol – puxado pelo cantor Durval Lélys.
Segundo o cartório, tudo indica que o feito, com direito a abadá, véu, grinalda e papel passado pode ter sido inédito. Debaixo do sol de verão, Christiane, prima da noiva, subia e descia do trio organizando os detalhes.
Enquanto Érika não chegava, amigos e parentes do casal contavam a história de amor dos dois. Brust alugava o apartamento da irmã de Érika Silva em São Paulo e, recém-divorciado, andava triste. O gringo comentou que estava a fim de conhecer pessoas e então Ivy Borba, a amiga coviteira, o convidou para o aniversário dela num bar. Ali o casal começou a desenvolver o sentimento e, quatro meses depois, Érika trouxe Marcel para conhecer a folia soteropolitana, na qual ela marca presença há mais de dez anos.
“Ela levou logo para fazer o teste, né? Porque se ele não gostasse, não ia rolar”, brincou Christiane, em entrevista ao Jornal Correio, de Salvador. O negócio é que o gringo ficou encantado com a festa.
Em 2017, o casal saiu no Camaleão e no Me Abraça e, mais tarde, na sacada do hotel, enquanto viam oCarnaval passar na Avenida, Érika sugeriu: ‘A gente podia se casar em cima do trio’. Marcel colou na corda e comprou a ideia na hora. Mas não foi fácil. Os cartórios não queriam realizar a união no local inusitado e a produção do bloco achou a logística complicada demais. “Foi difícil convencer, né? Porque não é todo mundo que faz essas doideiras”, contou Christiane. Por fim, o Cartório de Nazaré, de Salvador, topou a façanha.
“O cartório de registro civil existe para realizar sonhos, seja o do nascimento ou do casamento. Casar no carnaval requer uma logística diferente, precisa trazer com segurança os documentos oficiais, deslocar funcionário, pensar em como estacionar, andar no meio da multidão, mas vale a pena realizar o desejo dos noivos”, disse a juíza de paz Camila Castro, que acredita que esse é a primeira oficialização do tipo feita em cartório.
E foi ali, com vista para o Farol da Barra, que Érika e Marcel concretizaram sua loucura de amor e ouviram de Camila: “Em nome da lei, eu os declaro casados”.
Mesmo a bordo de um trio, eles precisaram providenciar uma caixinha de som portátil para que a juíza pudesse fazer o proferimento. Ao fim, embalados por músicas de Durval Lélys, os pombinhos se abraçaram e se emocionaram.
“A energia da Bahia fez com que a gente quisesse fazer o nosso casamento aqui”, disse Érika. Com as canções de Durval na ponta da língua, Marcel disse que quando conheceu a alegria do carnaval quis transportá-la para a festa deles. Depois do casório, o objetivo era seguir o trio e aproveitar até o fim do circuito. “A Érika sempre quis que a família e os amigos conhecessem o carnaval de Salvador e queria fazer uma festa com a cara deles, para que todos curtissem realmente o momento”, explicou a prima.
Enquanto os noivos usavam os trajes tradicionais de casamento, os convidados estavam todos de abadá do bloco. Para aguentar o calor, Érika escolheu um vestidinho curto, rasteirinha e buquê com fitinhas do Bonfim. Ele, bermuda e colete. Nas roupas de ambos, o destaque era o símbolo do Me Abraça apregoado.
Atualmente, ambos moram em Singapura, no sul da Malásia, a mais de 15,6 mil quilômetros de Salvador. Ele é diretor de uma empresa e ela trabalha com importações. Apesar da distância, eles conseguiram trazer cerca de 25 convidados de São Paulo, Suíça e Romênia para apresentá-los ao Carnaval.