Que lindoooooooooooos! <3 Eu amooo
Inspire-se: baianos casam em alto mar, no dia 2 de fevereiro, sob as bençãos de Yemanjá
Casamento na praia 31 jan - 2020

Há quase um ano, no dia 2 de fevereiro de 2019, a psicóloga Natália Monteiro, 29 anos, manauara de nascença e baiana de coração, e o editor de vídeo porto-segurense Bruno Brito, 33, viviam um dia pra lá de marcante. Eles escolheram a data preferida dos dois, o 2 de fevereiro – Dia de Yemanjá, em que acontece uma das festas mais populares, intensas e tradicionais da Bahia – para celebrar sua união.
Com uma vista privilegiada para as águas da Baía de Todos os Santos, a cerimônia ritualística do casal aconteceu em um barco, em alto mar, em Salvador, onde estavam cerca de 15 convidados, familiares e pouquíssimos amigos, que foram os responsáveis pela condução e também pelas imagens do ‘grande dia’. Já a festa, que contou com aproximadamente 100 convidados, aconteceu na Casatelier, um espaço à beira-mar no bairro da Ribeira.
“A própria embarcação que alugamos nos deixou no lugar da farra”, lembra Natália, que diz ter muitos bons sentimentos ao lembrar do casamento, que contou ainda com homenagens à Rainha do Mar, e descreve aquele dia como ‘maravilhoso’. “Nós dois queríamos uma data para celebrar a união e o 2 de fevereiro foi escolhido por ser nossa data preferida em comum. Sentimos uma conexão forte com essa orixá tão poderosa e amorosa. Queríamos honrar o dia e fazer parte dele, marcando nossa história”, explica Nat.



(Fotos de Filipe Rodrigues cedidas por Natália Monteiro)
Para a celebração que aconteceu no barco, Natália convidou três amigas que, assim como ela, se conectam com a espiritualidade, para conduzir o ritual. “O direcionamento foram as faces da Deusa Tríplice – a donzela, a mãe e a anciã, as três foram escolhidas por se encaixarem nesses aspectos e compreenderem nosso ponto de convergência, onde nos alinhamos”, explica.
Para finalizar a parte sagrada do rito, Natália e Bruno fizeram uma oferenda para Yemanjá. “Depois de depositarmos o balaio e os presentes no mar, todos no barco foram convidados a se jogar no mar! Os noivos foram os primeiros (foto acima)”, afirma a psicóloga, que hoje está morando em São Paulo com o marido.
A experiência toda foi mágica, resume. “A cerimônia no barco foi inexplicável. Nunca me senti tão corajosa, pois nunca me senti tão exposta. Parecia que meu coração estava fora do peito! Ver Bruno se emocionando durante os votos que ele escreveu pra mim foi lindo. E eu, que sentia falta de um pedido de casamento, fui surpreendida nessa hora, quando ele se ajoelhou na frente de todos e perguntou e eu queria casar com ele. Foi tão emocionante, que as pessoas que estavam em um barco que passava perto de nós gritaram pra gente, comemorando meu sim!”, lembra, emocionada, a recém-casada.






DIY: muitas coisas feitas à mão
Os convidados deram o um show à parte, reconhece Natália. Todos os envolvidos tiveram um cuidado especial em agradar o casal, respeitando os desejos deles. “Foi incrível aprender a receber. Tudo foi feito em muitas mãos. Eu fiz meu buquê, cabelo e maquiagem”, revela.
O vestido que a noiva usou, feito em crochê, foi feito por sua mãe. “Capricho que eu quis muito, por toda a simbologia envolvida. Ela conta orgulhosa que fez o vestido junto com Nossa Senhora, pois rezou muitos Aves Marias durante o processo. Minha sogra e as irmãs dela também foram preciosas, até conchinhas do mar foram buscar para nossa decoração – simples mas cheia de afeto”, pontua.

O convite virtual para os amigos e familiares também foi feito pelo casal, que priorizou amigos para prestação de serviços: “Essa foi uma forma de envolvê-los e também reconhecer o trabalho deles. Desde a advogada que nos orientou sobre as formas de união e o passo-a-passo no cartório ao fotógrafo, Filipe Rodrigues, que fez registros lindos”.
Apesar da correria, nem pareceu que Natália e Bruno planejaram tudo em quase um mês. “Acho que já deu pra perceber que somos um casal diferente. Nos chamamos carinhosamente de estranhos (risos). Nós falávamos de casar, morar juntos… Mas eu batia na tecla de que ele ainda não havia me pedido em casamento para que planejássemos isso. Eu queria uma data pra lembrar (sou ritualística). Fomos amadurecendo e, antes que pudéssemos imaginar, ele recebeu uma proposta para trabalhar em São Paulo. Decidimos que casaríamos antes disso e escolhemos o 2 de fevereiro mais próximo”, resume.

Mesmo em pouco tempo, o fato deles terem priorizado o desejo de celebrar a união com a cara dos dois fez toda diferença, ressalta Natália. “Nós pensamos o que queríamos e o que seria bom pra nós. Isso já começou nos preparativos, onde optamos por um ensaio pré-wedding do casal que representasse como somos juntos, o que compartilhamos em comum, mesmo sendo diferentes”, comenta ela.
Ensaio pré-wedding de Natália e Bruno: eles escolheram registras as coisas que mais gostam de fazer juntos (Fotos desse ensaio: Natália de Almeida)
A farra
A festa, com mais convidados e muita farra, aconteceu no mesmo dia, logo após a cerimônia em alto mar, e foi impulsionada pela família de Bruno. “Meus sogros, Sônia e Clovis, incentivaram e não pararam de procurar um espaço que fosse a nossa cara e que coubesse todo mundo. Fiquei menos envolvida nisso, palpitei mais sobre o que eu não gostaria – tipo arranjos de flores grandes ou uma decoração tradicional. Minha sogra achou a Casatelier, nos mostrou algumas fotos e foi amor a primeira vista! Não tive dúvidas que deveria ser ali”.
O local já foi um galpão e abrigou artista Luiz Mário, professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (Ufba), estudioso, laborioso e criativo, além de ter sido residência para professores de artes plásticas, estrangeiros, que desenvolviam pesquisas acadêmicas na Bahia. “O espaço, por si só, é uma obra de arte, cheio de pinturas, esculturas e móveis maravilhosos. E tudo é moldado conforme nossa orientação. De quebra, tem uma vista linda pro mar da Ribeira”, descreve Natália. Como é tradicional no 2 de fevereiro, o casal serviu uma feijoada com o buffet do próprio espaço. “Isso facilitou muito a nossa decisão de ‘fechar o pacote'”, explica a psicóloga.


E, para completar a festa, Bruno ensaiou com os primos e amigos e a surpreendeu com algumas músicas que fazem parte da história dos pombinhos. “A farra foi completa e, em pouco tempo, o palco virou um espaço democrático, onde o microfone circulava livremente por quem soubesse a letra da música. A animação foi por conta de todos!”, garante.
Quebrando paradigmas
Na hora de jogar o buquê, Natália chamou tanto homens como mulheres ‘disponíveis’. “Nada de só mulher querer casar. Quem pegou foi um amigo do noivo! A mesma coisa para a tradição de colocar o nome na barra do vestido, amigas e amigos estiveram presentes”.

Outra tradição que foi quebrada no casamento foi o traje dos convidados – todos foram vestidos de branco. “Como é tradicional no 2 de fevereiro, isso deu um efeito lindo na nossa festa”, opina Natália.

Dica da noiva
Quase um ano depois, Natália, hoje esposa de Bruno, é ‘só amor’ ao falar da cerimônia e destaca que, independente do tempo de organização, tradições ou pressões sociais: o importante é que os casais façam tudo o que quiserem e puderem do seu jeito.
“Aproveite seu momento de brilhar. É o seu protagonismo! E deixe tudo claro para as pessoas envolvidas, para alinhar bem as expectativas. É um momento único na nossa vida, pois estamos cheias de sonhos. Não é questão de acreditar em ‘para sempre’, é questão de torcer para que ele exista, que seja todo dia. O amor precisa mesmo ser celebrado, comemorado, divertido! Então curta bastante esse período! Seja a SUA noivinha. E faça muitos registros também – me arrependo de não ter contratado fotógrafo para a festa”, recomenda.
