Quais as tendências para os casamentos pós covid-19? Especialistas especulam
Tendências 2020 26 jun - 2020

(Foto: Thiago Mohollem/Divulgação)
Como serão os casamentos depois que a pandemia da covid-19 acabar? Será que vamos usar máscaras? Teremos lugares marcados e distanciamento social? Essas são apenas algumas das dúvidas que têm permeado a vida de muitas noivinhas e também de todo um mercado de casamentos em todo o mundo.
Não à toa, muito se tem falado sobre como serão os casamentos depois que o pico do coronavírus passar. Fato é que ainda não é possível afirmar várias coisas – a recomendação ainda para ficarmos em casa por conta da doença e o futuro é incerto. Mas de uma coisa temos certeza: vai passar! Cedo ou tarde, isso vai acabar e os casamentos voltarão a acontecer.
E a pergunta que não quer calar é: o que vai mudar daqui pra frente? As especulações são muitas, mas a maior parte dos especialistas fala em distanciamento social, novas medidas de higiene, formatos mais intimistas e em cuidados redobrados.

Casamentos ao ar livre, distanciamento social e poucas pessoas devem continuar em alta (Foto: Thiago Mohollem/Divulgação)
Pensando nessas questões, convidamos duas renomadas assessoras de casamentos – Indira Marrul (@indiramarrulassessoria) e Jaqueline Barreto (@jaquebarreto_cerimonial) – para falar um pouco mais sobre as suas impressões para o futuro nesse momento tão diferente.
Uma tendência que já está se concretizando em alguns lugares do mundo e pode ficar ainda mais forte é a redução no número de convidados e a preferência por micro e mini, home e elopement weddings, que já falamos um pouco aqui nesta matéria. “Sem uma vacina, a gente vai continuar vivendo de uma maneira ainda muito cautelosa. E os projetos menores – que a gente já faz há algum tempo – ganham mais força. Podem acontecer em alguns casos agora – porque são os únicos modelos viáveis – e continuam depois da pandemia”, acredita Indira Marrul.

Indira Marrul é especializada em organização de eventos sociais (Foto: Divulgação)
Estilos de casamento
Entre os exemplos que devem ficar em alta no primeiro momento pós-pandemia, ela cita os casamentos a dois (elopement wedding); casamentos em casa (home wedding); micro wedding, com 10 a 15 convidados ou até um mini wedding, mais pra frente, entre 50 e 80 convidados. “São projetos que a gente já fazia, mas que nesse momento de transição da pandemia, quando a gente já tiver em um formato um pouco mais livre, podendo fazer festas, realmente ganham bastante força. São projetos de muito significado e intimidade, com relações muito profundas, algo bem de família”, ressalta a assessora.
Assim como Indira, a assessora Jaqueline Barreto acredita que os casamentos mais intimistas vão vir com tudo em um primeiro momento. Os casamentos ao ar livre serão os mais buscados, também para prevenir aglomerações em ambientes fechados, opina.

(Foto: Pinterest)
“Os casamentos boutiques, menores, vão ficar em alta. Os elopement também. São casamentos únicos, que seguirão acontecendo. Os casamentos ao ar livre – na praia, na fazenda, no sítio e até mesmo, estando liberado, alguns rooftops em hotel – estarão em evidência”, acredita ela, que também atua como cerimonialista há 13 anos.

Jaqueline Barreto é assessora de casamentos e cerimonialista (Foto: Divulgação)
Mesmo com a flexibilização de medidas, a Itália, um dos principais destinos para casamentos no mundo, por exemplo, está incentivando que as cerimônias e as festas sejam realizadas em espaços externos e ao ar livre, como jardins e terraços. Na parte de recepção e alimentação, no entanto, estão as maiores mudanças. As mesas deverão ser posicionadas de maneira que garantam o distanciamento de um metro entre os convidados — a regra só não vale para as cadeiras dos noivos.
Por lá, o buffet self service, com os convidados tocando em diversos utensílios ou na própria comida, ainda não podem ser disponibilizados. Para ter esse tipo de serviço, os alimentos devem estar dispostos em embalagens individuais e de uso único. Nas filas para buscar as refeições também deverá ser respeitado o distanciamento mínimo de um metro entre as pessoas. Temperos e pães devem ser servidos aos convidados em porções de uso único e com o uso de pinças pelos garçons. Se a recepção for realizada em um local fechado, todos os convidados deverão usar máscaras ao saírem de suas mesas.
Quem mora em casa e tem alguma área ao ar livre, poderá se aproveitar disso. “Como casamentos home devem ficar em alta e devem acontecer muito, quem mora em casa, ou tem algum jardim, etc, vai casar em casa. Serão casamentos boutique, com número reduzido de convidados, mas nem por isso vão perder o seu glamour”, pontua Jaquelina, que é especializada em destination wedding (DW). Ela foi a primeira cerimonialista do Rio de Janeiro a levar um casal de brasileiros para casar fora do Brasil, sendo pioneira em DW Internacional.
Ela imagina, inclusive, que os noivos podem até acabar investindo em um menu melhor, com comidas e bebidas de maior qualidade: “Podem substituir o tradicional espumante por um bom champanhe, por exemplo, que tem um custo maior”.
Na foto, casamento intimista, mas sem perder o glamour:
Decoração e cuidados
De acordo com Jaqueline, a escolha de lugares abertos, como praia, jardins, fazendas e sítios, acaba levando a uma decoração rica em folhagens. “Se for por economia, as folhagens vão estar em alta. Mas as noivas românticas não dispensam rosas. Folhagens devem estar misturadas com rosas, com flores e arranjos tropicais”, supõe.
E não é só a decor que deve mudar. Muita gente acredita que a forma como os noivos, madrinhas, padrinhos e convidados vão se vestir também tende a mudar. Nesse sentido, tanto o vestido da noiva quanto as vestimentas dos demais presentes deve estar mais simples. Os looks tendem a ficar mais casuais.
Jaqueline e Indira concordam que os próximos casamentos devem contar com uma distância segura entre os convidados, com mesas mais espaçadas; uso de EPIs como máscaras e luvas para todos os profissionais que possuem contato direto com os convidados e/ou com o buffet; além de, é claro, um espaço com circulação de ar adequada. Lugares marcados, que já citamos acima, são bem comum em outros países e ficaram ainda frequentes agora, e devem chegar com tudo no Brasil.
“Falando de uma etapa pós-pandemia mesmo, quando a gente já tiver tudo um pouco mais liberado e as pessoas ainda muito cautelosas, creio que os modelos menores devem funcionar como uma alternativa de intimidade pros casais, mas não como alternativa para as grandes festas”, opina Indira.
Para ela, como o brasileiro ama festas e o baiano é também apegado a festas grandes, esses modelos devem voltar mais pra frente. “Acho que a gente vai ter adaptações nas festas grandes, mas acredito que vão continuar apostando nesses modelos de festas maiores, mais completas – com banda, etc – quando tudo tiver liberado. Mas a gente vai ter algumas modificações que vão perdurar mesmo pós-pandemia, como, por exemplo, um maior cuidado com a questão de alimentação; a questão da higiene com uso de elementos como luvas. Até o próprio álcool gel acho que vai entrar nas nossas vidas de uma maneira mais consistente”, ressalta.

(Foto: @robervaniachagasfotografia)
Lições, valorização e sustentabilidade
Além das mudanças em relação ao modelo, maior higiene e distanciamento, Jaqueline acredita que todos estão aprendendo alguma coisa com esse momento difícil que estamos vivendo. “Vejo que as pessoas estão dando mais importância à união. Estão sendo mais humanizadas, pensando mais em ajudar uns aos outros e em compartilhar experiências juntos. Eu vejo, inclusive, que no mercado de casamentos isso está acontecendo bastante. E também tem a questão da sustentabilidade. Isso deve ficar mais em alta ainda. E tem o outra coisa: as pessoas estão estudando mais, estão mais preocupadas com tudo, em planejar e inovar cada vez mais”, fala a economista de formação.
Ambas ressaltam que, mesmo com algumas suposições em mente, depois de muitos anos na área, ainda não dá para antecipar nada. O melhor mesmo é que todos busquem a calma e mantenham as medidas de segurança. “As pessoas estão loucas para sair, abraçar, dançar, festejar, etc. Mas estamos aguardando muitas coisas e torcendo para que venha logo essa vacina. A vacina chegando muda tudo. Pra quem quer manter seu casamento para mais de 100/150 convidados, sugiro adiar a realização do seu sonho para 2021 e realizar a grande festa. Os que ainda querem casar ainda em 2020 dependem de muita coisa. Eu acho que isso tem que acontecer mais pro final do ano, em novembro ou dezembro, e precisam pensar em um casamento mais intimista, com esse perfil – ao ar livre ou, quem sabe, home wedding. Mas não deixem de realizar seus sonhos, mesmo que para isso precisem adiar”, finaliza Jaqueline.

(Foto: Victoria Carlson Photography)